Apenas um só jogador brasileiro teve esse privilégio de erguer três vezes um troféu de campeão mundial: Mauro Ramos de Oliveira.Os demais tiveram essa honra uma só vez como capitães da Seleção Brasileira: Bellini em 58; o próprio Mauro em 62; Carlos Alberto em 70; Dunga em 94 e Cafu em 2002.
Mauro, já atuava pelo Santos quando ergueu três vezes um troféu de campeão mundial: Em 1962 no Chile, como capitão da Seleção Brasileira; em 1961, com capitão do Peixe, em pleno Maracanã e em 62 em Lisboa Portugal, na conquista do bicampeonato mundial pelo Santos F.C. É mais um detalhe para acrescentar a nossa vitoriosa e invejável história.
A reprodução da capa da extinta revista “O Cruzeiro” retrata a conquista do segundo titulo mundial pela Seleção Brasileira em 1962, Mauro Ramos levanta a Jules Rimet em gramados chilenos e consolida a força de uma geração vitoriosa. Na foto (à dir.) também, em 1962, Mauro aparece na escada do DC-7c, da Panair do Brasil, no desembarque, segurando o troféu do bi mundial conquistado pelo Santos em Lisboa.
A nova geração santista deve saber pouco sobre a carreira de Mauro Ramos de Oliveira.
O zagueiro mais clássico da história do futebol brasileiro, nasceu em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 30 de agosto de 1930 e faleceu na mesma cidade em 18 de setembro de 2002. Mauro era de um tempo em que os zagueiros tinham categoria, e o máximo de categoria era jogar como ele, que até o nome deveria ser pronunciado inteiro, para fazer jus à sua imponência na zaga.
Mauro Ramos de Oliveira era a mistura perfeita de um lorde com um guerreiro. Jogava limpo, na bola, mas se o jogo pegasse fogo, não tirava o pé. Numa época em que havia o mesmo número de atacantes e defensores, era preciso dar o bote na hora certa, ou o adversário ia parar na cara do gol. Mauro era muito bom nisso, assim como, até por ser o mais alto dos santistas (1,85m), também se destacava nas bolas altas. Sua carreira começou na Caldense, de sua cidade.
Um dia o temido São Paulo foi jogar lá e o garotão de 16 anos não se intimidou com a fama do astro Leônidas da Silva. Sua atuação deve ter impressionado os diretores do São Paulo, pois um ano depois, em 1948. Mauro foi quatro vezes campeão estadual pelo São Paulo.
Teve sua primeira oportunidade na Seleção Brasileira no Sul-americano de 1949, mas era muito novo ainda, apenas 19 anos. Foi convocado para as Copas de 1954 e 58, mas ficou na reserva de Pinheiro e depois de Bellini. Em 1962 estava treinando melhor do que todos e não se conformou quando tentaram tirá-lo do time e assim ele contava: “Lá no Chile, na véspera da estréia contra o México, eu já havia passado pela rígida revisão médica de praxe, quando o Mário Américo, massagista da Seleção, foi ao seu quarto dizer que queriam falar comigo com urgência no departamento médico.
Fui e encontrei toda a comissão técnica me esperando: o médico Hilton Gosling, o supervisor Carlos Nascimento, o técnico Aimoré Moreira, o dentista Mário Trigo… Só faltava o dr. Paulo Machado de Carvalho, o chefe da delegação. Então me contaram uma história sem nexo, que não me convenceu, e disseram que eu não ia jogar. Aí eu disse: “Vou jogar sim, porque ganhei a posição treinando e jogando muito bem, muito melhor do que os outros. Se vocês me tirarem do time eu volto hoje mesmo para o Brasil e boto a boca no trombone, para que todos saibam da politicalha que existe aqui na Seleção.
Eles recuaram. Me deram uns tapinhas nas costas e disseram: ‘É isso mesmo que queríamos ouvir de você. Parabéns’”. Mauro se firmou como um dos grandes zagueiros da Seleção Brasileira, pela qual realizou 32 jogos oficiais e um não oficial. No Santos, apesar de chegar ao clube com 30 anos e logo após ter se submetido a uma operação de menisco, ganhou mais títulos em sete temporadas do que havia conquistado até ali em toda a sua carreira. Pelo timaço da Vila Belmiro foi pentacampeão brasileiro, cinco vezes campeão paulista, bicampeão da Libertadores, bicampeão mundial e campeão do Rio-São Paulo.
Em 1968, ao pendurar as chuteiras, iniciou a carreira de técnico dirigindo o Oro, de Guadalajara. Depois treinou Coritiba, Santos, Jalisco e em 1974 abandonou de vez o futebol, passando a viver como comerciante em Poços de Caldas. Numa de suas últimas entrevistas, já viúvo de Eny e padecendo do mal que o levaria à morte, afirmou: “Cheguei à Vila em 1960 e saí em 1967. Jogar no Santos representou para mim o maior prêmio que um atleta poderia receber em sua carreira. Fomos campeões em tudo. Agradeço a Deus por ter jogado naquele time”.